No começo de um jogo de Copa do Mundo de futebol, vemos passar uma bandeira amarela com uma expressão bem vistosa: Fair-Play. Esta é uma expressão inglesa que quer dizer: “jogo limpo”.
A mensagem é que não bastam as dezessete regras do futebol (a letra da lei fria e impessoal), é preciso o “espírito da lei”, ou seja, os princípios que lhe dão vida e coerência.
A FIFA explora o “Fair-Play” como ninguém. Os exemplos práticos vão desde um pedido de desculpa por uma falta cometida, ou o respeito por um jogador do time adversário, quando alguém cai machucado e a bola é chutada para fora do campo para que o mesmo seja atendido. Depois que tudo volta ao normal, a posse da bola é devolvida ao adversário, e o jogo continua. Assim, não basta saber que no futebol “a regra é clara”, é preciso o espírito da lei que torna a disputa ferrenha em algo digno de pessoas civilizadas.
Por que será que no basquete o Fair Play também não é usado?
Isso fica evidente nos campeonatos que a equipe francana está disputando, são péssimas arbitragens, de juízes despreparados, jogadores que saem de suas cidades ou de seus países de origem unicamente para fazer turismo e arrumar confusão, mas principalmente por comissões técnicas, dirigentes de entidades, e também por parte da torcida e dos responsáveis pela segurança do ginásio. Falta por parte de todos a utilização das regras do Fair Play. Cumprir normas e jogar limpo não é sequer uma questão de preferência; é mera obrigação.
Existe um conto de um filósofo que viu um escorpião sendo arrastado pelas águas do rio. O filósofo meteu-se na água e tomou o bichinho na mão. Quando o trazia para fora, o escorpião o picou e, devido à dor, o homem deixou-o cair novamente. Foi então à margem, pegou um galho e salvou o escorpião.
Ao juntar-se aos seus discípulos, um destes, perplexo e penalizado, lhe perguntou: “Mestre, por que foi salvar esse bicho ruim e venenoso? Veja como ele respondeu à sua ajuda e picou a sua mão!” O filósofo ouviu tranquilamente e respondeu: “Ele agiu conforme sua natureza e eu de acordo com a minha”.
Mais do que de normas, é preciso aprender a jogar limpo. Do contrário, podemos nos transformar em soldados de uma guerra sem motivação política, afetiva ou religiosa.... soldados de uma guerra em que todos sairemos perdendo!
No jogo da vida é bom querer ganhar. Mas ganhar não é tudo.
Muitos de vocês devem estar pensando: " Por que escrever sobre isso agora?
Escrevo isso queridos amigos leitores, porque eu, assim como muitos que lêem esse texto, somos injustos em nossos julgamentos, acusamos sem ouvir o outro lado, somos retalhados por acontecimentos que não desencadeamos, e principalmente somos agredidos e agredimos de volta.
E no final o que sobrou para nós?
Somente a sensação de impotência frente a força e o poder que está nas mãos de quem não sabe usá-lo.
Espero que um dia o princípio do Fair Play passe a ser usado e respeitado nos ginásios de basquetebol, que possamos viajar com o nosso time, sem nos preocupar se seremos atingidos por copos de urina voadores, por policias que abusam de sua autoridade e poder, por dirigentes que nos encantuam em péssimos lugares dentro do ginásio e quem sabe um dia o basquete tenha a força política e financeira que tem o futebol e todos os jogadores passem a levantar com entusiasmo a bandeira do Fair Play e assim "contaminem" as suas torcidas para que mais do que uma disputa para ver quem é o melhor, o esporte volte a ser tratado com fonte de lazer e saúde para a população!
Texto original em: http://samuelcamara.blogspot.com/2010/07/fair-play.html
Belo texto, belíssimo conteúdo e a mesmo indagação: porquê não usufruimos do Fair-Play no basquete? Bom senso, solidariedade, união, companheirismo. É o que falta à grande maioria até mesmo dos nossos profissionais do esporte que muitas vezes incitam torcidas, provocam adversários e violentam verbalmente seus árbitros, colegas de profissão. Poucos têm a consciência e a vontade de dar bons exemplos, espero que existam mais pessoas assim em todo lugar.
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